Quer um brinde?

no dia 24 de abril de 2010


Quem, como eu, adora dar bater perna nos shoppings, feiras, exposições ou algo parecido, ao passar por uma banca cheinha de revistas provavelmente já ouviu alguém perguntar: "Quer um brinde?" Se você, principalmente mulher, que não resiste a um mimo, seja pago ou de graça, conseguiu dizer não e seguir em frente, fez ótimo negócio. Agora, se hesitou, olhou, mostrou algum resquício de dúvida que seja, só posso dizer uma coisa: se ferrou! 

Eu sempre duvidei que algum ser humano tivesse o trabalho de sair da casa, montar um estabelecimento dentro de um shopping com aluguel caríssimo exclusivamente para nos dar algo de graça. Mas, mesmo assim, ano passado, no Evento Só Para Mulheres, no Centro de Convenções, em Goiânia, no auge do tédio de visitar a feira sozinha, resolvi desafiar minha própria paciência: eu disse sim! Não o fiz por ingenuidade, deixo claro, mas apenas para ver o que vinha depois. Também já adianto que me arrependi, pois nem pela experiência eu deveria ter feito isto. Minha vida mudou depois daquele sim, já que perdi quase uns 20 minutos ouvindo os mais improváveis absurdos de uma moça, uma suposta estagiária de um curso superior que não me lembro qual era.

Voltemos ao sim. Depois disso, ela perguntou qual revista eu queria. Eu, boa cometedora de gafes que sou, escolhi "Casa Cláudia", que é da Editora Abril (...pausa para riso...). A moça disse que tinha uma correspondente e me deu um exemplar seis meses atrasado de uma revista de arquitetura. Mas o pior estava por vir: depois de achar que tinha me dado um grande presente, ela começou a perguntar sobre meu cartão de crédito, e veio com um papo de que era estudante, que tinha cota para vender, que isto, que aquilo, que o que eu iria pagar era só uma contribuição (embora o preço fosse o mesmo daquele fora da promoção dela).

Fiquei deveras chocada quando ela, não conseguindo me convencer com tanta mentira acumulada, chamou um tipo de gerente que mais parecia um armário de seis portas, o qual tentou me convencer a todo modo a comprar a revista. Já fiquei me imaginando sendo levada para um quarto dos fundos, sendo espancada e interrogada com uma daquelas luzes no rosto, como nos filmes americanos.

Olha, do jeito que fizeram, eu assinaria facilmente uma revista sobre física quântica ou algo ensinando falar mandarim em seis aulas, só mesmo para me ver livre da coação. Mas, deixo claro que eu só estava mesmo fazendo um tipo de "perder tempo pra ver", não tenho hábito de comprar por impulso e já assino as revistas que quero.

Depois disso fiquei pensando: e quem não sabe como eles agem? Acho que é um tipo completamente desonesto de abordagem e que isto nem deveria existir nos dias atuais. O Procon não fiscaliza isto? E a Editora Globo, poderosa como penso que é, precisa mesmo dessa venda degradante da imagem dela própria para sobreviver? E esses vendedores, coitados, fazem treinamento com aqueles que vendem aspirador de pó nos Estados Unidos?

Não sei mesmo. Por via das dúvidas, não aceite esses brindes, a não ser que queira doar para reciclagem de papel.

*Ah, eu levei para casa uma revista velha, perdi meu tempo, mas não cedi.

3 comentários:

  1. Oi Clau,
    Encontrei o seu blog em um dos meus passeios em busca de coisa legais na web e aqui estou.
    Gostei muito do seus escritos e certamente voltarei mais vezes
    Bjo
    Ah, tenho um blog de viagens e outro de variedades.Se quiser visitá-los será um prazer
    Bjo
    Yoyo

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  2. Oi Clau, adorei! Sabe que na Bienal do ano passado, aqui no Rio, também tinham "alguns" (isso mesmo) estandes da Globo com este tipo de abordagem. E, claro, de outras editoras também. Mas no da Globo eu sofri com um "estagiário" que me disse que seria "demitido" se eu não comprasse as revistas. Dá para acreditar? É o fim...
    Beijos.

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  3. SOBRE O TEMA ¨QUER UM BRINDE¨ TENHO QUE DEIXAR O MEU PARECER,PARABENIZANDO-A PELA DESENVOLTURA DESTA ABORDAGEM,QUE AFINAL DE CONTA ,NOS INCOMODANOS MUITO ,QUE ALEM DA PERCA DE TEMPO NOS FAZ SENTIR UMA INUTIL,MAS VC. COM A SUA ALTIVEZ DE ESCRITORA COLOCOU¨ A BOCA NO TROMBONE¨ E DENUNCIOU ATRAVES DAS ESCRITAS ESTAS GALHOTICES DE VENDEDOR.ADMIRÁVEL ESTE TEXTO...

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