Faculdade: Época tão difícil quanto boa. .
A felicidade tem a medida do nosso momento e naqueles anos felicidade era o encontro nos intervalos com os amigos para observar e fazer observações. Nos completávamos, nenhum de nós era sequer parecido com o outro. Um imperfeito e divertido quebra-cabeças. Em comum só o curso. Antes e depois, caminhos diversos, principalmente para mim, que não segui os rumos do magistério. .
Cada um acabou sendo responsável pelo que sou hoje..
Lembrar tem gosto de caldo, cachorro quente e "alfajor" na lanchonete em frente. Isso era o jantar e a sobremesa. Ao fundo, imitação barata de sotaque gaúcho, afrontando nossa coordenadora.
Era ouvir o Flávio com suas explicações acerca do dialeto "Cachoeirês", riso fácil, bem magrinho e ainda aspirante a músico. Depois era comemorar os festivais de música e falar disso até chegar o outro festival...no outro ano. .
Rir da Fabricya, delicadeza de uma orquídea escondida na aparente fúria do Katrina, arrancando o crucifixo da parede da sala de aula e imitando o filme "O Exorcista". Um dia, em um trabalho equivocado, matou Fernando Pessoa na infância... sala cheia, riso geral..
Kátia, com seus olhos enormes e braços expressivos. Promessa de atriz em cada parte de seus quase 1,80cm.
Era esbanjar uma quase rebeldia, apesar de ter milhões de responsabilidades na vida, longe de um perfil acadêmico: a maioria de nós trabalhava e pagava a faculdade. Era emendar trabalho e estudo e cochilar no ônibus..
Há histórias e estórias, incluindo nestas o grupo de teatro, cujo roteirista, diretor, ator(um deles), produtor e tudo mais era o Romes, figura que consegue o quase impossível: ser culto, inteligente e convulsivamente divertido. Surpreendente, imprevisível e perspicaz. Hoje professor universitário, naquele tempo funcionário dos Correios. Tem o ar de quem já nasceu sabendo, mesmo que afirme uma interrogação. A impressão que eu tinha era que de cada momento de sua vida, mesmo trágico, ele fazia uma crônica e nos trazia à noite. .
Nos fazia emendar um riso no outro: Generosidade!.
Numa bela e quente manhã às margens do Paranaíba, de uniforme amarelo e azul, ao entrar numa escola de línguas a trabalho, notou que duas falavam dele: "This postman is gay." Lóóóóóógico que respondeu: "But isn't fat, my darling!". E saiu para o próximo número da rua, deixando a baleia perplexa. .
.
.
***Misturei os tempos verbais de propósito, afinal ainda somos.
.
.
***Misturei os tempos verbais de propósito, afinal ainda somos.
.